Queria ser uma formiga
pra carregar aquilo que não suporto.
I envy ants.
They bare more than
Can and cant’s.
Ticiele de Camargo ©️

As ondas
Que levam, trazem e levam
Pra longe
Sedimentos
de vida,
sentimentos
Em excesso.
E perto, ficam
pregadas na pele
como gotas salgadas
de uma falta que o
excesso trouxe.
As ondas
Que levam, trazem e
ora, levam novamente
sem querer pausar.
Levam
Pra longe
também os sentidos
da vida,
sentidos
Em excesso.
E longe, b e m l o n g e,
se vão.
Essas ondas quais
agitaram o barco
o levando à deriva
Levando-o b e m
D i s t a n t e
Provando sua força e vontade,
Também provou aqueles
que no barco estavam.
Dessas gotas salgadas,
apenas resta o que
Hoje, pude ver:
quem fica
quem vai;
quem r e a l m e n t e
é quem.
Ticiele de Camargo ©️ 2021

Enquanto escrevo essas linhas
Frente a minha xícara de café
Vejo nos dias passados
Como a vida era e como hoje é
Tudo mudou em tão pouco tempo!
Então me pergunto: Como vivem os sábios nesse momento?
Como seguem a vida nesse novo tempo?
Há muito a se questionar e muito pouco a se perceber.
E o tempo em nossas mãos é o nosso maior bem.
Tempo para rir, tempo para abraçar, seja esse virtualmente, é bendita a arte de amar.
Tempo para agradecer, tempo para valorizar, do nosso patrimônio mais precioso, a vida, desfrutar.
Tempo para chorar com os que choram, tempo para celebrar com os que celebram.
Tempo para levantar o caído e tempo para dar baixa ao tédio.
Tempo para fazer planos e tempo para cancelar também.
Tempo para distinguir o que são planos, o que são sonhos e o que a nós realmente convém.
Tempo para partir o pão e tempo para acumular fé.
Tempo ao nosso coração e todas suas ansiedades, tempo para lança-las ao poder Divino e sossegar em nossa fragilidade.
Tempo para ter tempo.
Tempo para mudar.
Assim como as estações em toda a sua sintonia ímpar.
Tempo para respeitar o que é distinto mas não abrir mão dos nossos princípios.
Tempo para falar de amor e pratica-lo diante ao caos. Tempo para ensinar através de atitudes e não escrever em jornais.
Tempo para ter tempo.
Tempo para diferenciar o tempo assim como sábios fazem.
Tempo para perdoar o sofrimento, assim como os grandes agem.
Tempo para ser paciente mas não de hospitais.
Tempo para ser gente mais que em credenciais.
Tempo para ser gentil como o tempo é conosco.
Tempo para ter tempo…
Para mais xícaras de café como essa!
Ticiele de Camargo ©️ 2020
Em tempos de incertezas no mundo, assegurem-se no amor. Em tempos de egoísmo, soberba e competição, invistam no amor. Em tempos de descaso, ignorância e irresponsabilidade diante de um inimigo forte e invisível, revistam-se de amor. Pois no final das contas, nós nunca fomos bons sem amar.

Nunca fomos buenos sin amar.
We were never good without loving.
Ticiele de Camargo©️ 20/03/2020.
Semana passada tivemos enchentes na região de Beira em Moçambique e infelizmente, as nossas crianças e suas casas foram afetadas.
Graças a Deus desde então tem feito mais calor e as coisas estão voltando ao normal. Hoje, as crianças agradeceram a Adonai pela vida e pelos materiais escolares que receberam. O volta às aulas ganhou mais estímulo! 😇
Peço que continuem orando pelo projeto, graças a Deus todos encontram-se com saúde e muita alegria para prosseguir. Aos que desejarem ajudar com algo, entrem em contato.
Shalom. 🙌🏼
We had a tough time last week dealing with the flooding in Beira. Some of our children and their families were much affected by the critical weather. However, a couple of days later, things went back to normal. Their homes were fixed and they are happy as always.
Today, the children received school supplies to begin their first day at school. They are excited to go back to school and very thankful for everything.
Thankfully, everyone is safe and healthy, happy to carry on living. If you feel like donating or helping somehow, please get in touch.
Have a lovely week.
Ticiele de Camargo ©️
#mozambique #dondo #onelove #tdc
Londres. 5:29 da manhã. Fazia 2°C lá fora. Acordei ouvindo uns gritos, levemente despertei do sono tentando entender o que os gritos diziam.
⁃ JÚNIOOOR! VOLTA AQUI, JÚNIOR! PELO AMOR DE DEUS! VOLTA AQUI, NÃO NÃO, PELO AMOR DE DEUS! NÃO FAZ ISSO COMIGO!
Gritou a donzela Brasileira. Identifiquei a voz, língua e a mensagem, pensei que fosse apenas farra de jovens, voltei a dormir. (Minto: tentei pegar no sono de novo.)
⁃ JUNIOOOR!! PÁRA! NÃO! PÁRA! PELO AMOR DE DEUS PARA COM ISSO!
O “pelo amor de Deus” sendo usado repetidamente me despertou, e o “Para com isso” me deu uma injeção de curiosidade fora do normal. Mais que o próprio nome, Júnior, qual já havia facilmente memorizado. Desconfiei que ela estivesse em apuros.
Então levantei os cobertores, aqui tem feito muito frio. Com dificuldade, fui levantando os cobertores. Digo com dificuldade por conta do aconchego maravilhoso da cama quentinha e segundo, porque minha gatinha (que por sinal está uma bola de gorda) dormia em cima dos meus pés.
Acabei pensando rápido: “Talvez a moça está em perigo!” Dei um pulo, senti o chão gelado e abri a cortina:
E lá estava ela: A donzela da madrugada gritante, de vestido preto de mangas compridas e brilhantes, sem sapatos, sem blusa. Calambeava correndo (tentando correr) atrás do tal do Júnior que, por sinal, também se sentia num país tropical: camiseta curta branca, jeans e tênis.
Ela corria atrás dele. Ele corria dela. Na mesma dinâmica entre gatos e ratos. Ela, a donzela felina, da madrugada animal. E Ele, o ratinho perfeito.
Até que nessas condições cambaleantes, sob álcool e muita disposição olímpica a correr, ela tomba no chão. E ele, flexível e companheiro, ao vê-la chorar de rir, volta e senta ao seu lado.
Se entreolham. E, por algum motivo nesse fantástico universo feminino, (que apenas nós mulheres entendemos) toda a tensão da donzela é manifestada através de tapas. Pobre Júnior.
Muitos tapas. Leves tapas; as mãozinhas em movimento muito nos ensinava sobre a parceria da cachaça com o amor e raiva.
Ri em silêncio.
Ele cruza os braços, malhados por sinal, encolhe-se num segundo protegendo-se dos ataques da donzela indomável. Agora quem grita por socorro é ele.
Eventualmente, a donzela indomável cansa. Se entreolham novamente, já sentindo o despertar da raiva e paixão que pairava sobre eles. Então se abraçam. E se beijam.
Como numa peça de teatro Shakespeariana, The Taming of the Shrew – A Megera Domada – escrita em 1596 – assim terminou a minha noite de sono.
A coisa boa é que, há um mês atrás assisti a peça no Barbican Centre, aqui em Londres, pelo Royal Shakespeare Company. Já nessa madrugada, pude recapitular alguns pontos (que já havia esquecido) de forma totalmente gratuita e com uma dinâmica naturalmente fantástica.
A vida como ela é! ❤️ 😂 🐭 🐈
Ótima semana a todos!
Existem muitas histórias de rainhas que passaram pela terra deixando legados incomparáveis. Umas foram casadas com reis de outros nacionalidades, outras participaram de guerras, outras foram estéril, outras, estavam mais perdidas que bandido em tiroteio. Não sei qual rainha exatamente vem a sua mente ao ler isso mas, certamente não será a mesma que vi com meus próprios olhos.
Fui chamada a trabalho para enfermaria de um certo hospital (já tem um tempo) para dar assistência a uma velha senhora, chamada Clara.
Clara tinha 91 anos. Não apresentava nenhum problema de saúde. Mas havia, infelizmente, caído em sua casa (ao descer as escadas de sua casa, esqueceu de segurar no corrimão). A queda acabou comprometendo suas cambitinhas. Apesar de sua idade já avançada, Clara demonstrava muita vontade de viver. E por incrível que pareça, as pernas machucadas não a incomodavam em nada.
Mas algo diferente passou a incomodar. Ao chegar no hospital para ter seus primeiros curativos, Clara se deu conta de algumas coisinha: o seu chapéu vermelho não estava mais nas suas coisas e seu espelho de bolsa também não. Isso trouxe grande insegurança a ela e tumulto a equipe de enfermeiros pois, Clara, insinuou que um deles havia pego seus preciosos pertences.
Até que eu cheguei para trabalhar e a conheci. Ao perceber que falava português e não inglês como todos no Hospital, Clara começou a desabafar de forma impaciente e enfática comigo.
– Não sei que raios meu chapéu e meu espelho de bolsa sumiram! Deve ter sido um deles que pegou, pois! Podes perguntar a eles onde está o meu chapéu e o meu espelho de bolsa? Eu já perguntei e eles dizem que não sabem! Mas sei que está lá, está lá nas coisas deles!
Enfatizei que poderia perguntar porém não dei muito espaço para conversar sobre aquilo pois meu tempo ali era curto.
Fiz o meu trabalho naquele dia e voltei na semana seguinte.
Ao entrar no departamento ao qual a dona Clara estava, passei por um longo e gelado corredor de paredes verdes claras. Avistei de longe algo bem atípico, qual me chamou a atenção: estava ela de costas, sentada na cadeira, em frente a porta do seu quarto com um chapéu gigante alto e branco em sua cabeça. Falava sozinha de forma impaciente, dando ordens aos enfermeiros em Português.
Ao notar o meu leve sorriso no rosto, a enfermeira me encontrou no meio do corredor e disse de forma bem entusiasmada:
– Oi! Que bom que você voltou pra dar assistência para a Rainha Vitória!
Eu respondi rindo:
– Rainha Vitória?!
– Sim, desde semana passada ela insiste dizer que pegamos o chapéu dela. Mas o próprio filho já disse que está em sua casa. Então como uma outra paciente havia esquecido aqui, resolvemos dar a ela esse chapéu. O único porém é que agora, ela se parece com a Rainha Vitória! Ha! Ha! Ha!
Achei cômico e me acheguei a dona Clara. Toquei no seu ombro e a cumprimentei.
– Que chapéu bonito, hein, dona Clara!
– Tais a ver, esse é o meu chapéu que eles haviam pegado, que raios os partam pois pegaram e esconderam de mim. Tais a ver, esse meu chapéu é muito bonito, olha! Pegou no chapéu, se sentindo muito feliz e sorriu para mim.
Os enfermeiros riam de longe ao notar a satisfação da dona Clara. Eu me divertia com sua companhia, dona Clara já havia vivido de tudo, tudo o que eu nem imaginaria viver, estar ali era um presente para o meu dia.
Com isso, pude ver que as vezes, a dor do esquecimento traz novas oportunidades. Essa que comprometeu as pernas da Dona Clara por um mês mas que felizmente, sararam.
Essa que, apesar de muito vivida e irreversível (idade + esquecimento) foi tratada de forma leve e divertida, tirando risos de todos e inclusive da Dona Clara.
Que possamos ser criativos em meio as dores! E que possamos trazer luz e alegria em meio ao esquecimento!
Tenham uma ótima semana. ❤️
#tdc #ticieledecamargo #vde1 #vde2 #creativewriting #reflectivepiece
Há pouco comecei a ler a clássica obra de Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes.
Nos primeiros capítulos me via passeando pelas ruas milenares do interior da Espanha, em especifico a região de La Mancha, Toledo, supostamente cidade natal do Dom Quixote. Pude ver as expressões faciais das pessoas ao vê-lo passar por seus vilarejos, a noção de desconfiança e descrédito no ar.
Digo isso pois Dom Quixote saiu de sua cidade com nada além de partes de armaduras quais havia encontrado por lá, de forma esporádica e muita coragem.
As pessoas ao vê-lo, riam, não conseguiam aceitar uma armadura sem padrão, cheia de remendos; cores diferentes, algumas partes mais ofuscadas que as outras. Não fazia um conjunto. Não fazia sentido. Mas, para o homem mais corajoso da literatura Cervantes, tudo valia a pena.
Não tenho tempo e espaço para dar continuidade a essa análise, é uma obra intrigante extensa. Mas admito que a *coragem* de Dom foi o que me prendeu de maneira peculiar.
As armaduras diferentes que Dom usava, nos ensina muito sobre Dom e sua humildade de caráter. O que podemos tirar dessa alusão literária? Essas armaduras são as que nos equipam para a luta de cada dia, são as nossas experiências de vida que conquistamos ao decorrer da vida, nos tropeços e balanços, nos acertos e conquistas. Peças de um quebra-cabeça chamado Vida.
A objetividade de Dom e certeza de onde deveria chegar fez com que ele selecionasse as pessoas que deveria se relacionar e criar vínculos. Isso nos ensina que Dom era objetivo, mas não esnobe. Conversava com todos. Caminhava com quem ele escolhia.
É também notável o grande orgulho de Dom pelas suas raízes, seu povo, sua cidade. Seu orgulho não o tornava superior a outros mas, fazia questão dessa menção em forma honrosa. É admirável isso nos dias de hoje.
É incrível como ainda lutamos, brigamos para que outros nos aceitem como somos.
E o mais incrível, pejorativamente falando, é que quanto mais somos seguros de nós, mais incomodamos os outros.
É por isso que escrevo isso.
Você leitor, talvez tenha muita coragem dentro de si. Talvez venha ouvindo ou passando por desfeitas e momentos de descrédito em relação ao seu potencial, ao seus objetivos, aos seus princípios e raízes.
Continue nessa coragem.
Dom Quixote só se destaca até hoje como o grande Dom Quixote, porque nunca abriu mão de nenhum desses fatores. Em outras palavras, não desviou dos seus objetivos porque não se encaixava nos parâmetros que a sociedade daquela época impunha.
E todos que vieram contra seu jeito de ser, não conseguiam entender que o verdadeiro significado de coragem. A coragem não é a que o mundo ensina: a força, a tapa, a gritos, desrespeitando e desmerecendo o ser humano.
Mas sim, como a HUMILDE coragem de Dom.
A humilde coragem que não vê aparências, não vê altura, não vê classe social. Não faz comparações. Não desiste.
O que isso nos ensina? será essa humilde e linda coragem que, além de nos dar um estímulo gigantesco, nos proporciona objetividade, determinação, persistência e sabedoria.
Dom não se rendeu. Não esmoreceu diante da vida. Muito menos se abriu a pessoas que mal o conheciam. Não permitiu que pessoas de fora palpitassem a respeito de sua jornada. Simplesmente seguiu seu trajeto, de forma humilde e corajosa.
Portanto leitor, seja corajoso(a), mas seja um corajoso *humilde*!
❤️