Há pouco comecei a ler a clássica obra de Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes.
Nos primeiros capítulos me via passeando pelas ruas milenares do interior da Espanha, em especifico a região de La Mancha, Toledo, supostamente cidade natal do Dom Quixote. Pude ver as expressões faciais das pessoas ao vê-lo passar por seus vilarejos, a noção de desconfiança e descrédito no ar.
Digo isso pois Dom Quixote saiu de sua cidade com nada além de partes de armaduras quais havia encontrado por lá, de forma esporádica e muita coragem.
As pessoas ao vê-lo, riam, não conseguiam aceitar uma armadura sem padrão, cheia de remendos; cores diferentes, algumas partes mais ofuscadas que as outras. Não fazia um conjunto. Não fazia sentido. Mas, para o homem mais corajoso da literatura Cervantes, tudo valia a pena.
Não tenho tempo e espaço para dar continuidade a essa análise, é uma obra intrigante extensa. Mas admito que a *coragem* de Dom foi o que me prendeu de maneira peculiar.
As armaduras diferentes que Dom usava, nos ensina muito sobre Dom e sua humildade de caráter. O que podemos tirar dessa alusão literária? Essas armaduras são as que nos equipam para a luta de cada dia, são as nossas experiências de vida que conquistamos ao decorrer da vida, nos tropeços e balanços, nos acertos e conquistas. Peças de um quebra-cabeça chamado Vida.
A objetividade de Dom e certeza de onde deveria chegar fez com que ele selecionasse as pessoas que deveria se relacionar e criar vínculos. Isso nos ensina que Dom era objetivo, mas não esnobe. Conversava com todos. Caminhava com quem ele escolhia.
É também notável o grande orgulho de Dom pelas suas raízes, seu povo, sua cidade. Seu orgulho não o tornava superior a outros mas, fazia questão dessa menção em forma honrosa. É admirável isso nos dias de hoje.
É incrível como ainda lutamos, brigamos para que outros nos aceitem como somos.
E o mais incrível, pejorativamente falando, é que quanto mais somos seguros de nós, mais incomodamos os outros.
É por isso que escrevo isso.
Você leitor, talvez tenha muita coragem dentro de si. Talvez venha ouvindo ou passando por desfeitas e momentos de descrédito em relação ao seu potencial, ao seus objetivos, aos seus princípios e raízes.
Continue nessa coragem.
Dom Quixote só se destaca até hoje como o grande Dom Quixote, porque nunca abriu mão de nenhum desses fatores. Em outras palavras, não desviou dos seus objetivos porque não se encaixava nos parâmetros que a sociedade daquela época impunha.
E todos que vieram contra seu jeito de ser, não conseguiam entender que o verdadeiro significado de coragem. A coragem não é a que o mundo ensina: a força, a tapa, a gritos, desrespeitando e desmerecendo o ser humano.
Mas sim, como a HUMILDE coragem de Dom.
A humilde coragem que não vê aparências, não vê altura, não vê classe social. Não faz comparações. Não desiste.
O que isso nos ensina? será essa humilde e linda coragem que, além de nos dar um estímulo gigantesco, nos proporciona objetividade, determinação, persistência e sabedoria.
Dom não se rendeu. Não esmoreceu diante da vida. Muito menos se abriu a pessoas que mal o conheciam. Não permitiu que pessoas de fora palpitassem a respeito de sua jornada. Simplesmente seguiu seu trajeto, de forma humilde e corajosa.
Portanto leitor, seja corajoso(a), mas seja um corajoso *humilde*!
❤️